Meus pais têm um ritual. Extremamente monótono. Mesmo prato, mesma mesa, mesmo restaurante, variando entre dois ou três casais de amigos praticamente todo jantar de sábado.
Hoje, enquanto explorava os confins do cardápio do Cafeína, um casal na casa dos setenta, sentado na mesa ao lado, era cumprimentado pela garçonete extremamente atenciosa (raro pelas bandas do Rio Design Leblon). O velhinho, que segurava a coleira de seu cachorro - para meu pavor, assim como o de minha irmã -, revisava seu pedido meio sorridente, meio entediado. Terminava com um "o de sempre". Claramente era um ritual que se repetia toda semana: dois cappucinos com bastante espuma, água com gás e uma porção de torradas petrópolis quentinhas.
O desdém que sinto pelos jantares de magret de pato e "lagostim da dona Sônia" se converteu rapidamente na vontade de envelhecer como cliente cativo de algum lugar, no qual me conheçam pelo nome e quando eu chegar perguntem "o de sempre?". No meu caso, no entanto, eu admito que o pedido incluiria o tão amado croissant de chocolate com amêndoas.
domingo, 24 de outubro de 2010
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